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Clarice Lispector

"O que eu sinto eu não ajo. O que ajo não penso. O que penso não sinto. Do que sei sou ignorante. Do que sinto não ignoro. Não me entendo, e ajo como se me entendesse."

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Brincando de ser poeta


Cheguei a pensar que sou poeta
Talvez até seja
Se poeta for escrever e dizer, sem viver
Se poeta for falar de amor
E viver em poesias que retardam a dor
Não creio mais no que digo
Alguém diga pra mim
Pra que eu possa acreditar
Que amar é tão bonito
Que chega a não ter descrição
Vivendo em sua imensidão
E em sua total grandeza

Fazendo agora minha função
Deixo escritas aqui minhas lágrimas
Lágrimas de quem sabe que não se foge do amor
Mas que prefere morrer tentando
A viver sofrendo
Pior do que condenar-se ao último suspiro
É se condenar a não viver nenhum sentimento
Não foi eu quem disse que amar é viver?
Mas pude até prever o sofrimento
Então agora é pegar a borracha
E apagar da minha alma
Os textos que estão descritos Você
Você que se quer sei quem realmente é
Só que acabou meu tempo
De montar esse quebra-cabeça
Zerei o cronômetro
E então acabou o jogo
Brincadeira de criança ou de poeta?
Se ainda não sei quem você é
E ainda não sei quem sou
Deve ser apenas uma piada de mau gosto
Algum trote que a vida me passou
Ah, Vida! Isso não se faz!
Amar não é de brincadeira.

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